Queremos transformar o BIC+BPN "numa história de sucesso"

O presidente do Banco BIC, que este ano comprou o BPN, quer fazer da fusão "uma história de sucesso", o que vai passar por uma estratégia de reforço do financiamento às PME exportadoras, sobretudo às que estão em Angola.
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"Não é um bom banco o que temos neste momento. Tem bons trabalhadores e esperamos transformá-lo numa história de sucesso e num bom banco, mas isso é diferente de dizer que temos um bom banco hoje", afirmou em entrevista à Lusa o presidente do BIC Portugal, Mira Amaral.

O BIC comprou em março o BPN por 40 milhões de euros. Por esse motivo, segundo Mira Amaral, este ano o BIC vai passar de lucros a prejuízos entre 10 a 20 milhões de euros, resultados negativos que ainda poderão arrastar-se por mais alguns anos.

Ainda assim, Mira Amaral afirmou acreditar que as áreas de negócio que o BIC integrou do BPN têm "potencialidade" para gerar resultados positivos no futuro.

"Quer a área dos particulares e pequenos negócios, quer a área de banca de empresa, quer dos cartões e meios de pagamentos (em que temos um sistema de terminais, o Netpay, que nos dá uma vantagem diferenciadora no mercado) são ativos interessantes que bem trabalhados vão contribuir para que o banco venha a ser rentável", afirmou.

Além da rentabilização dos negócios do ex-BPN, o responsável adiantou que no futuro o BIC vai fazer "uma aposta forte nas PME [Pequenas e Médias Empresas] exportadoras", sobretudo nas que têm operações em Angola, já que a relação umbilical entre o BIC Portugal e o BIC Angola é uma "vantagem diferenciadora" deste banco face aos restantes que operam em Portugal.

Atualmente, o BIC Portugal já financia projetos de empresas portuguesas em Angola, sobretudo dos setores da alimentação e bebidas, materiais de construção ou metalomecânica, áreas em que quer reforçar a presença. Mira Amaral considerou que a partir de agora a tarefa está facilitada graças às centenas de balcões que passou a deter com a aquisição do BPN.

"A rede de retalho que integramos vai-nos dar a capacidade de gerir fluxos financeiros - de transferir dinheiro de Angola para Portugal através dos dois BIC - maior do que a que tínhamos previamente", considerou.

O banco quer ainda captar novos clientes - sejam jovens, adultos em idade ativa ou idosos reformados -- e está a preparar o lançamento de produtos dirigidos a estes diferentes públicos. No entanto, Mira Amaral não quis adiantar mais pormenores, uma vez que o processo de fusão dos dois bancos (BIC e BPN) só estará concluído em março, com a integração dos sistemas informáticos, apesar da fusão jurídica ter acontecido na passada sexta-feira.

Sobre a expansão do BIC Portugal, Mira Amaral respondeu que a prioridade nos próximos tempos passa por tornar o BIC integrado com o BPN rentável e que não quer "distrair-se" deste objetivo.

Já o BIC Angola, afirmou, está a expandir-se para países limítrofes a Angola, como a Namíbia e a República Democrática do Congo, e fez ainda propostas ao Estado português para comprar o BPN IFI (Cabo Verde), o BPN Brasil e a Real Vida Seguros, ativos do ex-grupo BPN.

"O que perspetivo a curto prazo é que o grupo BIC - embora não seja um grupo formal, mas o [conjunto do] banco BIC Angola e o BIC Portugal - tenha presença em Angola, Portugal, Cabo Verde, Brasil, Namíbia e Congo", afirmou Mira Amaral.

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